terça-feira, 30 de novembro de 2010

" VIOLÊNCIA "

            Se as novas manifestações da questão social começaram a ser tratadas por José Paulo Netto a algumas décadas como um fenômeno oriundo do período em que o capitalismo transita para sua fase monopolista, hoje esse assunto não se esgotou.
            Sem perder de vista que a questão social se expressa na contradição entre capital e trabalho no sentido de que o capitalismo cria condições em seu desenvolvimento de gerar ao mesmo tempo riqueza em uma extremidade e pobreza noutra; e que aqueles que produzem a riqueza socialmente, posteriormente esta lhe é expropriada; pode-se dizer que com o avanço do modo de produção capitalista ao atingir a fase dos monopólios, novas manifestações da questão social surgem.
            Nos dias de hoje é correto afirmar que a violência nos moldes que se apresenta (traficantes de drogas portando armas de uso exclusivo do exército, etc.) é algo que se expande cada dia mais nos meios urbanos.
            Dentre as diversas formas de violência, assaltos denominados de arrastões á a modalidade que vem assustando muito os moradores do Rio de Janeiro. Só no mês de outubro deste ano foram registrados mais de vinte arrastões nos mais variados bairros do Rio, segundo a revista Veja Rio de 3 de novembro de 2010.
            Alejandra Pastorini em seu livro “A categoria ‘questão social’ em debate” diz: “existem novos elementos, novas expressões imediatas da ‘questão social’, que poderiam nos levar a pensar que ela é nova, (...)” entende-se que existe uma nova versão ou uma nova forma de se manifestar a ‘questão social’, mas que ela continua a manter os traços essenciais e constitutivos da sua origem.” (p. 20). Deste modo é correto dizer que com as mudanças na sociedade capitalista onde o modelo de acumulação flexível se instala, mudanças no mundo do trabalho ocorrem e junto com elas o descarte da força de trabalho.
            O desemprego que surge desta fase de acumulação de capitais, é um dos aspectos de crescimento da desigualdade e exclusão social que está na base da organização e revolta de grupos que vêem o tráfico de drogas e a violência como uma alternativa de deter algum tipo de poder e status, como uma forma de revolta contra a ordem onde uns encontram-se em boas condições de vida e outros na miséria sem condições sequer de se sustentar, estes tendo que recorrer a programas de transferência de renda.
            Conclui-se que diante de aspectos novos (acumulação flexível) e aspectos antigos (desemprego) pode-se dizer que a violência vivida hoje pelo Rio de Janeiro com novas modalidades de ação, é uma das novas manifestações da questão social.


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