sábado, 27 de novembro de 2010

"Educação é passo seguinte para acabar com a miséria"


No ato político que reuniu professores e estudantes em São Paulo, a candidata Dilma Rousseff afirmou que a educação é o próximo passo para acabar com a desigualdade no Brasil. Com o compromisso de valorização dos professores, com salários dignos, plano de carreira e formação continuada, Dilma defendeu o respeito e o diálogo nas negociações com os trabalhadores da educação.
“Acabamos com o sucateamento da educação no Brasil. De nada adianta defender a qualidade da educação sem salário decente, plano de carreira e formação continuada dos professores”, disse a candidata.
Segundo ela, a educação vai assegurar que o Brasil dê um salto e alcance o desenvolvimento.  “Educação é o valor imaterial que garante que cada brasileiro tenha a oportunidade de melhorar de vida. O Brasil só será uma nação desenvolvida se apostar na educação”, ressaltou.
(...)


            O presente discurso apresenta uma das falas da atual presidente do Brasil Dilma Rousseff, onde a mesma demarca o comprometimento em pautar um trabalho que culmine na erradicação da miséria do Brasil.

            Achamos de suma importância trazer para o blog um tema que paira na boca da população brasileira, que é a sucessão do cargo presidencial no Brasil. Nos últimos meses as eleições 2010 obtiveram todos os olhares e enfoques possíveis entre a população, meios de comunicação e a mídia em geral, e a mais ainda nas últimas semanas com a disputa acirradas entre o candidato que representava o PMDB José Serra x Dilma Rousseff que representou o PT. A vitória de Dilma trouxe uma efervescência ainda maior por ser a primeira mulher eleita presidente no Brasil, além de sua entrada significar a derrota do PMDB sobre o PT, partidos que colidem em uma arena de concepções a princípio ditas diferentes.

            Selecionamos essa fala da presidente Dilma, pois a mesma reafirmou esse comprometimento em seu primeiro discurso oficial assim que saiu o resultado da eleição. Fala essa que nos chamou bastante atenção e nos fez sentir o desejo de fazer não uma crítica direta, mas tentar uma proposta de socializar informações acerca dos temas que permeiam essa fala e buscar abrir um espaço para um incentivo à reflexão.

            Essa proposta de erradicação da miséria remete-nos primeiramente a pensar na própria miséria. Porque existe miséria no Brasil? O que causaria essa miséria? Esse é um problema apenas no Brasil ou no contexto mundial? Será mesmo que a busca por um desenvolvimento trará a erradicação ou mesmo a minimização da miséria no Brasil?

As últimas décadas têm presenciado uma série de transformações da economia mundial, com amplos impactos sobre o comércio mundial, a relação entre as nações e a vida das empresas. Dentre essas transformações, podemos ressaltar, principalmente, um maior aprofundamento da integração da economia mundial, a revolução tecnológica da microeletrônica, iniciada em meados da década de 70, restabelecendo o que viriam a ser os novos fatores de competitividade.

A importância de tais transformações e inovações é que elas desencadearam uma profunda reestruturação em todas as atividades industriais e de serviços, bem como nas estruturas das organizações e no próprio comportamento das pessoas. Dentro deste paradigma, tanto nos novos setores industriais como na revitalização dos antigos setores, a concorrência alcançou níveis muito mais elevados. O que culminou uma maior possibilidade de um exercito industrial de reservas, que sempre foi e ainda é fundamental para o capitalismo, dessa forma, a miséria seria uma conseqüência da “Questão Social”.

“Uma das idéias fortes que acompanharam o avanço da mundialização neoliberal era a de que a livre concorrência levaria bem-estar à população mundial. Quase um quarto de século depois, o que se constata é o agravamento das desigualdades entre países centrais e periféricos, e entre regiões e parcelas das populações de cada país; uma enorme parcela da população mundial ainda sem acesso à satisfação das necessidades básicas, a despeito dos avanços tecnológicos; a concentração do poder de consumo; o aumento da exclusão e da pobreza”. (MARQUES, Elidio Alexandre Borges in Estudos de política e teoria social).

            De acordo com o texto “Economia Política – Uma Introdução crítica” de Netto e Braz entende-se que a principal contradição do capitalismo está na Lei Geral da Acumulação Capitalista, que significa simultaneamente o crescimento da riqueza igualmente com o crescimento da pobreza, ou seja, há uma polarização da riqueza/pobreza. “(...) A acumulação da riqueza num pólo é, portanto, ao mesmo tempo, a acumulação da miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral do pólo oposto (...)” (Marx, 1984, I, 2:20)
           
Ao juntarmos a fala da Senhora Dilma e o trecho do livro, percebemos que há uma discrepância de ações, pois é resultado do capitalismo o aumento da pobreza, juntamente com o aumento da riqueza, ambas estão conectadas de uma forma inseparável. Cabe salientar que, enquanto analisadores, não nos cabe julgar ou criticar a atual presidente do Brasil, apenas tentamos mostrar que sua fala é um tanto contraditória, pois a miséria, como já foi explicada, não pode ser eliminada da sociedade capitalista, uma vez que é funcional ao seu desenvolvimento. Portanto, a fala da ex-candidata serviu para ludibriar seus possíveis eleitores que desconhecem essa contradição do capitalismo.   


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