NOTA SOCIAL
O poeta chega na estação.
O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.
Máquinas fotográficas assestadas.
Automóveis imóveis.
Bravos...
O poeta está melancólico.
Numa árvore do passeio público
(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.
O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.
O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.
Máquinas fotográficas assestadas.
Automóveis imóveis.
Bravos...
O poeta está melancólico.
Numa árvore do passeio público
(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.
O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.
clique aqui e conheça a vida do poeta
Utilizamos este poema para tentar demonstrar a melancolia muitas vezes vivida na cidade, repleta de carros e correria, onde muitas vezes não temos a oportunidade, nem talvez à vontade de enxergar o que esta a nossa volta, seja a cigarra ou um menino pedindo pão ou cola.
Muitas vezes, nos perdemos no que nos parece mais caro; a correria do dia a dia e nos atropelamos e pulamos por cima de meninos e meninas, homens e mulheres adormecidos nas calçadas úmidas dos grandes centros.
Não temos aqui o intuito de mostrar a verdade da vida, mas sugerimos uma pequena reflexão acerca da verdade dos tempos: o tempo de andar, o tempo de observar, o tempo de pensar e até mesmo do tempo de não ter tempo.
Assim, esperamos que Drummont nos traga a luz de suas poesias, à sensação de que nem tudo é uma cigarra muda, entristecida, mas que existe a possibilidade de transformação, mesmo que esta ocorra sem que nós tenhamos tempo.
RV
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